Quando se esperava uma comemoração dos 50 anos do Monaco, a TAG Heuer surpreendeu em Baselworld com o lançamento do Autavia Isograph, uma nova coleção batizada com um nome histórico mas baseada num conceito completamente novo – e com uma tecnologia revolucionária à mistura, baseada numa espiral de carbono que lhe dá uma fiabilidade extrema.
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Por Miguel Seabra, em Baselworld
Um bom nome é algo de valor incalculável que se pode perder num ápice. Por isso é que se defendem reputações com desmesurado arreganho: custam tanto a construir como facilmente são arrasadas.
A TAG Heuer apresenta uma herança histórica que data de 1860 e é uma escuderia obcecada em dar continuidade ao espírito inovador pelo qual sempre se regeu – mergulhando no futuro porque sabe que está alicerçada num sólido passado. E uma das vedetas do seu passado é o Autavia, primeiro nascido em 1933 e usado até 1957 enquanto instrumento de bordo (daí o seu nome Autavia, contração das palavras ‘Automobile’ e de ‘Aviation’) e depois brilhando enquanto cronógrafo ao longo das décadas de 60 e 70 até ao seu renascimento em reinterpretações cronográficas no presente milénio (em 2003 e 2017).
Na recente edição de Baselworld, a TAG Heuer usou o carismático nome para a apresentar uma coleção totalmente nova de relógios de três ponteiros e data com um visual decididamente rétro mas tecnologia vanguardista no interior.
Foi uma surpreendente estreia, já que se esperava que a TAG Heuer celebrasse em Baselworld o 50º aniversário do seu emblemático cronógrafo quadrilátero Monaco – que era o nome verdadeiramente novo no trio de cronógrafos apresentado em 1969 com o revolucionário mecanismo Chronomatic de corda automática, a par de novas versões com caixa cushion do Autavia e do Carrera.
A versão de 1969, inconfundível pela coroa à esquerda inerente à singular arquitetura do calibre Chronomatic, foi objeto de uma fiel atualização em 2003, constituindo o primeiro projeto de Jack Heuer aquando do seu regresso como presidente honorário da TAG Heuer. Disse então: «O Autavia era originalmente um relógio de bordo que equipou aeronaves e carros de corrida durante décadas.
Nos anos 60 retomámos essa designação para batizar um cronógrafo de pulso grande e robusto de corda manual em 1962. Em 2003, relançámos o nome com um mostrador de grande beleza e coroa à esquerda como na versão automática de 1969 – no original, o mecanismo Chronomatic tornava mais fácil ter a coroa no lado oposto ao dos botões e esse facto diferenciava-o dos outros relógios, para além de mostrar às pessoas que era automático».
Depois das reedições Autavia de 2003 que recuperaram o visual dos Autavia baseados na caixa em C de 1969 com coroa à esquerda devido ao calibre automático Chronomatic, a reedição seguinte do Autavia foi desvelada em 2017 e saiu de uma espécie de torneio virtual em que 16 diferentes cronógrafos Autavia da primeira geração (ou seja, pré-Chronomatic) foram emparelhados de modo a defrontarem-se entre si num mano-a-mano com três rondas de eliminação até à final.
Entre modelos de dois contadores e três contadores, na sua esmagadora maioria com combinações ‘Panda’ (contadores pretos em fundo branco) ou ‘reverse Panda’ (contadores brancos em fundo preto), mais de 50 mil votações online estabeleceram a vitória do referência 2446 MK3, conhecido por Autavia ‘Rindt’ por ter sido usado frequentemente pelo malogrado piloto alemão campeão de Fórmula 1 Jochen Rindt.
É mais ou menos nessa reinterpretação cronográfica de 2017 que se baseia a novíssima coleção Autavia, composta por sete variantes de um relógio que não é cronógrafo – trata-se de um modelo de três ponteiros e data que utiliza elementos de estilo vintage como a forma da caixa de 42mm, o grafismo dos algarismos e o mostrador dégradé mas que integra os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos no âmbito do sistema regulador composto pelo binómio balanço + espiral.
Trata-se de uma coleção apelativa, composta por cinco versões em aço e duas em bronze, que assume uma posição estratégica no novo catálogo da TAG Heuer graças tanto ao seu visual como posicionamento de preço (…)