Com uma combinação única de segundos saltantes, escape de força constante, mecanismo zero-reset e configuração do tipo regulador no mostrador, o Richard Lange Jumping Seconds é um relógio à parte. Após o galardoado modelo de estreia em platina (2016) e a versão em ouro rosa (2017), a mais recente declinação lançada este ano pela A. Lange & Söhne junta uma caixa em ouro branco ao inédito mostrador preto.

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A subdivisão de uma hora em 60 minutos com 60 segundos cada remonta a 1000 anos atrás. O primeiro relógio com ponteiro de segundos surgiu há cerca de 400 anos – estabelecendo-se então um novo e preciso padrão na contagem do tempo, que é particularmente exaltado no Richard Lange Jumping Seconds da manufatura germânica A. Lange & Söhne.

A nomenclatura ‘Richard Lange’ tem representado uma família em contínuo crescimento há mais de uma dúzia de anos. Simboliza a transição dos relógios de observação científica – um género tradicionalmente acarinhado pela relojoaria saxónica em geral e pela A. Lange & Söhne em particular – do século XIX para o século XXI. A par disso, o nome da linha presta tributo ao filho primogénito do fundador Ferdinand Adolph Lange.

Nascido em 1845, Richard Lange fez jus ao legado do seu pai aplicando as mais recentes descobertas da física, química e matemática em numerosos desenvolvimentos técnicos relojoeiros. E muitas das suas patentes foram aplicadas aos mais complexos relógios de bolso da manufatura sediada em Glashütte: entre as 27 patentes por ele desenvolvidas encontra-se uma liga metálica para espirais que ainda é usada hoje; e o sistema de ponteiro central dos segundos com paragem inventado pelo seu pai foi registado como uma das primeiras patentes na Alemanha, no seguimento de uma variante aperfeiçoada por Richard Lange em 1877.

Estreado em janeiro de 2016 numa versão inaugural em platina, o Richard Lange Jumping Seconds veio dar novos horizontes à linha Richard Lange através de uma função clássica que antigamente era precisamente uma caraterística dos históricos relógios de bolso da A. Lange & Söhne. Sendo o primeiro modelo Lange da nova era (a partir de 1994) dotado de segundos saltantes, também se destacou pelo design refinado que oferece protagonismo aos segundos: o mostrador de estilo regulador com um grande círculo para os segundos na parte superior faz centrar o olhar na menor das três principais unidades de tempo. Os círculos das horas e dos minutos, de dimensões mais reduzidas e colocados num plano inferior, estão posicionados um ao lado do outro. Em 2017, o Richard Lange Jumping Seconds foi apresentado numa segunda declinação em ouro rosa igualmente limitada a 100 exemplares.

Dois anos volvidos, a manufatura A. Lange & Söhne apresentou no Salão Internacional da Alta Relojoaria de janeiro deste ano uma terceira variante do Richard Lange Jumping Seconds também limitada a 100 peças – desta vez com a sua caixa de 39,9 milímetros de diâmetro concebida em ouro branco e dotada de um mostrador preto galvanizado. O minimalismo cromático e a simetria das formas circulares fazem recordar os conceitos de design da escola Bauhaus sempre tão presente nas criações germânicas. Aqui fica uma análise mais detalhada das especificidades de tão original relógio.

Muito preto, pouco branco e minimalismo vermelho

O evidente contraste entre o grafismo branco e o fundo negro confere à configuração específica do mostrador uma nova força que é salientada pela utilização criteriosa do vermelho. E chama especialmente à atenção a zona inferior do mostrador devido a uma abertura existente na interseção entre a indicação das horas e dos minutos. A razão: uma indicação da reserva de carga assente num disco debaixo do mostrador – dez horas antes do fim do ciclo da reserva de marcha, a indicação passa de branco a vermelho para recordar ao utilizador que é necessário voltar a dar corda ao relógio o mais brevemente possível.

A indicação de reserva de corda no Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo
A indicação de reserva de corda no Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo

Referência histórica

A representação das unidades do tempo do Richard Lange Jumping Seconds, com três indicações sobrepostas entre si, tem raízes históricas na própria Saxónia: remonta a um famoso astrónomo e relojoeiro de Dresden, denominado Johann Heinrich Seyffert. O seu lendário cronómetro de bolso nº 93 de 1807 foi o primeiro relógio a evidenciar uma tal configuração no mostrador. Apesar desse vínculo histórico, o Richard Lange Jumping Seconds apresenta uma aura decididamente contemporânea e funcional. Os ponteiros – em ouro maciço para as horas e os minutos; em aço rodinado para os segundos – destacam-se com grande naturalidade sobre o fundo escuro do mostrador plano.

Combinação inédita

Quase 140 anos depois das muitas patentes registadas por Richard Lange, o Richard Lange Jumping Seconds retomou, no século XXI, o conceito de ‘relógio de observatório’. Com uma exclusiva combinação tripla – escape de força constante para os segundos, ponteiro de segundos saltante e função zero-reset – personifica os valores essenciais desse tipo de relógio: fiabilidade, precisão e clarividência. No calibre L094.1 de corda manual, três complexos mecanismos atuam em conjunto para acionar o balanço através de uma aplicação de energia constante ao logo da sua reserva de corda de 42 horas, fazer com que o ponteiro dos segundos salte de um marcador para o outro 86.400 vezes por dia e ativar a função zero-reset para superior precisão no momento de acertar o relógio.

Sofisticação negra: o Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo
Sofisticação negra: o Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo

Segundos saltantes

Os chamados segundos saltantes são uma tradição da A. Lange & Söhne com quase século e meio de existência. Em 1867, o fundador Ferdinand Adolph Lange concebeu um relógio de bolso com seconde morte – os ‘segundos mortos’, ou segundos saltantes. O grande ponteiro dos segundos circunscrevia um minuto em exatamente 60 passos nesse relógio. O ponteiro podia ser levado a arrancar ou a parar, mas não recolocado a zero; os filhos de Ferdinand Adolph Lange, Richard e Emil, aperfeiçoaram o sistema e em 1877 preencheram a aplicação de uma patente para o mecanismo que eles tinham montado na platina de três quartos, referindo-se a ele como “mecanismo de segundos com segundos saltantes”. O princípio funcional do Richard Lange Jumping Seconds, apresentado pela primeira vez em Janeiro de 2016, é semelhante: tal como no histórico mecanismo, um ‘flirt’ e uma estrela são os elementos que controlam o salto dos segundos, a conversão das seis semi-oscilações do balanço para um incremento do ponteiro por segundo.

Lange modern jumping seconds mechanism (1)

A estrela que efetua a sua rotação por baixo de um pivot está associado à árvore da roda de escape. Juntamente com a roda de escape, roda à volta do seu eixo uma vez em cada cinco segundos. Depois de cada segundo completo, uma das pontas da estrela liberta o braço da alavanca em tensão. Opera uma abrupta rotação de 360 graus antes de ser novamente travada pela próxima ponta. É esta sequência de movimento faz com que o ponteiro dos segundos avance com um salto.

Escape de força constante

A manufatura A. Lange & Söhne tem vindo insistentemente a investigar maneiras de anular a disparidade entre a elevada força inicial e a baixa tensão final das molas de corda. Com a introdução da transmissão de fuso com corrente (fusée à chaîne) efetuada pela primeira vez em 1994, e três diferentes escapes de força constante, a marca saxónica desenvolveu entretanto quatro diferentes e separados sistemas de transmissão de força constante.

No caso do Lange 31, o escape de força constante entrega uma quantidade constante de torque em intervalos de dez segundos ao longo de um período de 31 dias. No Zeitwerk, domestica a força da poderosa mola e instantaneamente faz avançar os discos com os algarismos uma vez a cada minuto. Já no Richard Lange Jumping Secondso mecanismo de força constante preenche uma função dupla: num ponteiro, anula o poder decrescente do tambor de corda; no outro, evita a perda de amplitude durante o salto dos segundos.

Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo
Richard Lange Jumping Seconds. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo

O mecanismo utiliza o impulso dos segundos saltantes integrado no trem de rodagem para entregar energia fresca à mola do escape de força constante que está visível através de uma abertura na ponte do trem. Num trem de rodagem separado entre o tambor de corda e o escape, o escape de força constante compensa a perda gradual da torque na mola principal. A mola do mecanismo de força constante entrega virtualmente uma tensão permanente ao escape, razão pela qual a amplitude do relógio se mantém estável durante todo o arco da reserva de corda, que vai até 42 horas. Em conjugação com o balanço, a excelente estabilidade de funcionamento é assegurada por uma espiral livre que, tal como a mola de corda, é manufaturada pela própria Lange & Söhne.

Ou seja: agindo como sistema equalizador, o escape de força constante do Richard Lange Jumping Seconds transforma a torque cada vez menor da mola principal em quantidades de energia sempre iguais que são transmitidas ao escape em intervalos de um segundo. A par disso, vai fornecendo os impulsos necessários para o avançar em incrementos do ponteiro saltante dos segundos. Os primeiros relógios de bolso com tais complicações datam de finais do século XVIII. Como precursores do cronógrafo, foram utilizados para medições de tempo até ao segundo. Ajudaram marinheiros na navegação, apoiaram astrónomos na definição da passagem de corpos celestiais e permitiram a médicos medir frequências cardíacas.

A função do escape de força constante pode ser devidamente observada de perto através do fundo transparente em vidro de safira. A abertura mostra como a mola do escape de força constante recebe energia fresca do tambor da mola principal a cada segundo, para depois abastecer de potência o escape à mesma cadência. Logo por baixo, e sob um pivot de rubi, está situada uma estrela ligada à árvore da quarta roda que controla a sequência dos segundos saltantes.

Mecanismo Zero-reset

A função zero-reset permite a um relógio mecânico ser precisa e convenientemente sincronizado com um qualquer sinal horário ou instrumento do tempo controlado por rádio. Foi utilizada pela primeira vez pela Lange & Söhne em 1997, no movimento Sax-O-Mat, e surge agora aperfeiçoado no Richard Lange Jumping Seconds. Tem por objetivo segurar com fiabilidade o ponteiro grande dos segundos e mais o seu comparativamente elevado momento de inércia, especialmente durante as fases de súbita aceIeração e travagem associadas ao salto dos segundos. Para mais, a embraiagem faz com que seja possível isolar o trem de rodagem quando se recoloca o ponteiro dos segundos a zero.

Lange zero reset (1)

Quando a coroa é puxada para o exterior, um complicado conjunto de engrenagens despoleta três processos em fracções de segundo: a mola é delicadamente articulada com o balanço e segura-o; e os discos da embraiagem são separados por uma braçadeira, desconectando o ponteiro dos segundos do trem de rodagem. Ou seja, o mecanismo zero-reset patenteado faz parar o balanço e propulsiona o ponteiro dos segundos para a posição zero – como sucede num cronógrafo – para, desse modo, facilitar o acerto da hora com maior precisão.

A caixa com polimento diferenciado escovado e acetinado; basta puxar a coroa para accionar o mecanismo zero-reset.  Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo
A caixa com polimento diferenciado escovado e acetinado; basta puxar a coroa para accionar o mecanismo zero-reset. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo

Para isso, é necessário interromper a transmissão de força desde o mecanismo de força constante para o trem de rodagem. Uma inovadora embraiagem multidisco idealizada pela marca estabiliza fiavelmente o comprido ponteiro dos segundos através dos processos de aceleração e travagem, de modo a que fique assegurada uma perfeita legibilidade do tempo a cada segundo que passa. Mantém o ponteiro dos segundos fixo na sua posição até ao salto para o segundo seguinte, fazendo com que seja possível a interrupção ou a continuação da transmissão de força com fiabilidade.

Quando a coroa é empurrada de volta à sua posição normal, o ponteiro dos segundos volta a ficar ligado ao trem de rodagem e o balanço é solto, começa de imediato a oscilar novamente.

Decoração típica

O acabamento dos 390 componentes do calibre L094.1 de corda manual cumprem os elevados padrões de exigência da Lange. As pontes elaboradas em alpaca (a ‘prata alemã’ não tratada) e decoradas com nervuras típicas de Glashütte, o galo do balanço gravado à mão, os oito chatons de ouro aparafusados e as superfícies cuidadosamente decoradas e polidas dão ao Richard Lange Jumping Seconds um rosto clássico da Lange também do lado do fundo da caixa – sob um vidro de safira que permite apreciar o movimento e o seu funcionamento.

Lange calibre (1)

Correia de pele

O jogo de contrastes entre os detalhes claros e a proeminência do preto no mostrador tem o devido prolongamento na correia em pele de aligátor, que surge equipada com uma fivela em ouro branco condizente com o material precioso da caixa.

O preto domina, destacando-se o contraste com as indicações brancas e vermelhas — e tom do ouro branco na caixa e na fivela. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo
O preto domina, destacando-se o contraste com as indicações brancas e vermelhas — e tom do ouro branco na caixa e na fivela. Richard Lange Jumping Seconds. | © Paulo Pires/Espiral do Tempo


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